Canto do Quarto

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# Ouça:
-Beethoven
-Cold Blood
-Joelho de Porco
-Arrigo Barnabé
-Arnaldo Baptista
-Novos Baianos
-Count Basie
-John Coltrane
-King Crimson
-Rumo
-Schoenberg
-Rachmaninoff

# Leia:
-Rubem Fonseca
-García Lorca
-Hilda Hilst
-Herman Melville
-Garcia Marquez
-John Fante
-Shakespeare
-Bukowski
-Bruno e Little Dee
-Mafalda
-Herman Hesse

# Assista:
-Woody Allen
-Filmes com roteiro do Charlie Kaufman
-Monty Python
-Hitchcock

#Eu Quero:
-Mitologia Grega v1, v2, v3
-DVD Star Wars Trilogia
-Um afinador
-Afinação do Mundo


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segunda-feira, agosto 30, 2004
 
Lapso

Não me calo.
Não desisto.
E sigo errando
errando
errando
batendo de porta em porta
procurando aquilo que é de todos
mas ninguém sabe o que é.

Eu vou sempre em frente
sem querer
exceto quando me percebo andando de lado
ou de costas
em direção a coisa nenhuma.

De súbito uma nota vaga soa
e um artifício ígneo estoura
em milhões de cores e formas
na minha mente ébria
e me perco novamente
cruzando as pernas avenidas e vidas.

Corre sangue! Pois eu sei que tens
mais medo do que eu de se ver vertido
em poça, em tumor, em morte,
em fim derramado sem propósito,
sem entender, sem motivo, sem fim.

Corre sangue covarde! Teu pavor
é mais patético do que a mais
ínfima das células fugindo
em prantos da ceifadora negra
que espreita na próxima esquina.

Desperto da maratona elipsoidal
e a cama, suada, me lembra
são muitos astros muitos planetas
e tantas vias e dimensões e zodíacos
que só me resta parar,
respirar, me acalmar:
no entanto
percebo
ainda
resta
algo:
medo.

escrevi isso pelas 10:34 AM

quinta-feira, agosto 26, 2004

 
Ô vida sem poesia, ou cheia de poesia, seilá.


SONETO DE LA DULCE QUEJA

Tengo miedo a perder la maravilla
de tus ojos de estatua y el acento
que de noche me pone en la mejilla
la solitaria rosa de tu aliento.

Tengo pena de ser en esta orilla
tronco sin ramas, y lo que más siento
es no tener la flor, pulpa o arcilla,
para el gusano de mi sufrimiento.

Si tú eres el tesoro oculto mío,
si eres mi cruz y mi dolor mojado,
si soy el perro de tu señorío.

No me dejes perder lo que he ganado
y decora las aguas de tu río
con hojas de mi otoño enajenado.

Federico García Lorca

escrevi isso pelas 5:05 PM

quarta-feira, agosto 18, 2004

 
Às vezes as pessoas me dizem que eu sou um artista. O verdadeiro artista.

Um louco.
Um intelectual.
Um poliglota.

Acho que tudo isso é verdade, mas então por que não existe mais arte genuína? Por que até eu me sinto meio desanimado para fazer arte, para ir atrás de arte?

Acho que o problema não é estético, zeitgeistiano ou falta de cultura. Acho que o problema é a falta de amor à vida, falta de amor ao trabalho, a falta de amor às outras pessoas. Falta de amor ao mundo, às coisas pequenas, à bobagem, à música clássica, aos gestos mínimos do No e os exageros do Tarantino.

Não falta arte, falta amor. Amor com seriedade. Lembro de ter ouvido algo parecido com "para fazer uma boa música, case com seu instrumento". Na verdade, não era nem relacionado à arte, mas acredito que com política.

Entretanto, é o único jeito. Para fazer arte, você não precisa aparecer na tevê, não precisa ser famoso e nem ganhar dinheiro com isso. Você precisa viver a sua arte, amar ela de verdade, e vê-la em todo lugar.

A arte pode ser até ódio, pode ser incompreensão, pode ser linda e anti-semita como Wagner, pode ser destruidora como os perfeitos "panzer" alemães da Segunda Guerra ou as bombas corta-margaridas dos EUA, pode ser terrível como Stravinsky ou suave como Tchaikovsky ou Claude Bolling. Mas é preciso viver de verdade o que é transmitido, é diferente das emoções superficiais tolas para dona-de-casa de novela, teatro de comédia brasileiro e filme americano.

Ver. E sentir. É isso que é viver. E se alguém acha que querer é poder e ter sucesso é ser espiritualizado, é saber como se conectar com Deus, 4a e 5a dimensões, é saber o que quer, desculpe, você está errado. Saber o que quer não é resposta para chegar mais perto de divindades ou felicidade, e querer não é poder, aliás, querer não é merda nenhuma.

E um lembrete: jamais fui um covarde, porque o covarde nunca admite que tem medo.

Saroba.

escrevi isso pelas 1:11 PM