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segunda-feira, agosto 30, 2004
Lapso
Não me calo. Não desisto. E sigo errando errando errando batendo de porta em porta procurando aquilo que é de todos mas ninguém sabe o que é.
Eu vou sempre em frente sem querer exceto quando me percebo andando de lado ou de costas em direção a coisa nenhuma.
De súbito uma nota vaga soa e um artifício ígneo estoura em milhões de cores e formas na minha mente ébria e me perco novamente cruzando as pernas avenidas e vidas.
Corre sangue! Pois eu sei que tens mais medo do que eu de se ver vertido em poça, em tumor, em morte, em fim derramado sem propósito, sem entender, sem motivo, sem fim.
Corre sangue covarde! Teu pavor é mais patético do que a mais ínfima das células fugindo em prantos da ceifadora negra que espreita na próxima esquina.
Desperto da maratona elipsoidal e a cama, suada, me lembra são muitos astros muitos planetas e tantas vias e dimensões e zodíacos que só me resta parar, respirar, me acalmar: no entanto percebo ainda resta algo: medo.
escrevi isso pelas 10:34 AM
quinta-feira, agosto 26, 2004
Ô vida sem poesia, ou cheia de poesia, seilá.
SONETO DE LA DULCE QUEJA
Tengo miedo a perder la maravilla de tus ojos de estatua y el acento que de noche me pone en la mejilla la solitaria rosa de tu aliento.
Tengo pena de ser en esta orilla tronco sin ramas, y lo que más siento es no tener la flor, pulpa o arcilla, para el gusano de mi sufrimiento.
Si tú eres el tesoro oculto mío, si eres mi cruz y mi dolor mojado, si soy el perro de tu señorío.
No me dejes perder lo que he ganado y decora las aguas de tu río con hojas de mi otoño enajenado.
Federico García Lorca
escrevi isso pelas 5:05 PM
quarta-feira, agosto 18, 2004
Às vezes as pessoas me dizem que eu sou um artista. O verdadeiro artista.
Um louco. Um intelectual. Um poliglota.
Acho que tudo isso é verdade, mas então por que não existe mais arte genuína? Por que até eu me sinto meio desanimado para fazer arte, para ir atrás de arte?
Acho que o problema não é estético, zeitgeistiano ou falta de cultura. Acho que o problema é a falta de amor à vida, falta de amor ao trabalho, a falta de amor às outras pessoas. Falta de amor ao mundo, às coisas pequenas, à bobagem, à música clássica, aos gestos mínimos do No e os exageros do Tarantino.
Não falta arte, falta amor. Amor com seriedade. Lembro de ter ouvido algo parecido com "para fazer uma boa música, case com seu instrumento". Na verdade, não era nem relacionado à arte, mas acredito que com política.
Entretanto, é o único jeito. Para fazer arte, você não precisa aparecer na tevê, não precisa ser famoso e nem ganhar dinheiro com isso. Você precisa viver a sua arte, amar ela de verdade, e vê-la em todo lugar.
A arte pode ser até ódio, pode ser incompreensão, pode ser linda e anti-semita como Wagner, pode ser destruidora como os perfeitos "panzer" alemães da Segunda Guerra ou as bombas corta-margaridas dos EUA, pode ser terrível como Stravinsky ou suave como Tchaikovsky ou Claude Bolling. Mas é preciso viver de verdade o que é transmitido, é diferente das emoções superficiais tolas para dona-de-casa de novela, teatro de comédia brasileiro e filme americano.
Ver. E sentir. É isso que é viver. E se alguém acha que querer é poder e ter sucesso é ser espiritualizado, é saber como se conectar com Deus, 4a e 5a dimensões, é saber o que quer, desculpe, você está errado. Saber o que quer não é resposta para chegar mais perto de divindades ou felicidade, e querer não é poder, aliás, querer não é merda nenhuma.
E um lembrete: jamais fui um covarde, porque o covarde nunca admite que tem medo.
Saroba.
escrevi isso pelas 1:11 PM
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